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25 de Maio - Maria Santíssima Nossa Esperança


 

Motivo tem, pois, a Igreja em aplicar a Maria as palavras do Eclesiástico (24,24), com as quais Vos chama a Mãe da Santa Esperança, Mãe que faz nascer em nós, não a esperança vã dos bens transitórios desta vida, mas a santa esperança dos bens imensos e eternos da vida bem-aventurada.


Saudava-A Santo Efrém:


Salve, esperança de minha alma, salve, ó segura salvação dos cristãos, auxílio dos pecadores, defesa dos fiéis, salvação do mundo.

Aqui pondera São Boaventura que, depois de Deus, outra esperança não temos senão Maria e por isso a invoca como única esperança nossa depois de Deus. Também é esta a convicção de Santo Efrém. Reflete o Santo sobre a presente ordem da Providência, com que Deus tem determinado (como diz São Bernardo e adiante nós demonstraremos largamente) que todos, que se hão de salvar, hajam de o conseguir por meio de Maria. E diz-Lhe então:


Senhora, não deixeis de guardar-nos e de proteger-nos sob Vosso manto, já que depois de Deus não temos outra esperança senão a Vós.

O mesmo diz São Tomás de Vilanova, para quem Maria é nosso único refúgio, socorro e asilo. São Bernardo parece nos dar o motivo de tudo isso, quando diz:



“Considerai, ó homem, o desígnio de Deus, desígnio cuja finalidade é dispensar-nos mais profundamente Sua misericórdia. Querendo Ele remir o gênero humano, depositou o preço inteiro da redenção nas mãos de Maria para que o reparta à Sua vontade”.


Por este motivo diz o Abade de Celes:



Todos os bens, todas as graças, os auxílios todos que jamais receberam ou até ao fim do mundo receberão os homens, lhes têm vindo e hão de vir por intermédio de Maria.

É, portanto, mui justa a exclamação do piedoso Blósio:


Ó Maria, sois tão amável e agradecida para com os que Vos amam; quem será tão louco ou infeliz que não Vos ame? Nas dúvidas e confusões ilustrais o entendimento daqueles que a Vós recorrem nas suas aflições. Consolais nos perigos aqueles que em Vós confiam. Acudis a quem por Vós chama; Vós, depois do Vosso divino Filho, sois a segura salvação de Vossos fiéis servos. Salve, pois, ó esperança dos desesperados, ó refúgio dos abandonados. Sois onipotente, ó Maria, visto que Vosso Filho quer Vos honrar, fazendo sem demora tudo quanto Vós quereis.

- Maria é a esperança de todos -


São Germano, reconhecendo em Maria a fonte de todo o nosso bem e a libertação de todos os males, assim a invoca:


Ó Senhora minha, sois a minha única consolação dada por Deus, Vós o guia da minha peregrinação, Vós a fortaleza das minhas débeis forças; a riqueza das minhas misérias, a liberdade das minhas cadeias, e a esperança da minha salvação. Ouvi as minhas orações, tende compaixão dos meus suspiros, ó minha Rainha, que sois meu refúgio, minha vida, meu auxílio, minha esperança, minha fortaleza!

Tem, portanto, razão Santo Antonino ao aplicar a Maria estas palavras da Sabedoria (7,11):


Juntamente com Ela me vieram todos os bens. Já que Maria é a Mãe e a dispensadora de todos os bens, bem se pode afirmar que todos os homens, especialmente os que vivem no mundo como devotos desta Soberana, juntamente com a devoção de Maria adquiriram todos os bens.

Por isso, sem mais restrições, dizia o Abade de Celes:


Quem ama Maria acha todo o bem, acha todas as graças e todas as virtudes, porque Ela por Sua intercessão lhe alcança tudo quanto lhe é necessário para enriquecê-lo com a divina graça.

Ela própria nos faz cientes de ter consigo todas as opulências de Deus, isto é, as divinas misericórdias, para dispensá-las aos que A amam.


“Comigo estão as riquezas... a magnífica opulência... para enriquecer os que Me amam” (Pr 8, 18, 21).

Exorta-nos por isso Conrado de Saxônia a que não retiremos os olhos das mãos de Maria, a fim de, por Seu intermédio, recebermos os bens que almejamos.


Oh! quantos soberbos, com a devoção de Maria, acharam a humildade; quantos coléricos, a mansidão; quantos cegos, a luz; quantos desesperados, a confiança; quantos transviados, a salvação! E isto mesmo o profetizou Ela, quando proferiu em casa de Isabel aquele Seu sublime cântico:


Eis que já desde agora todas as gerações me chamarão de Bem-Aventurada (Lc 1,48).

Comenta S. Bernardo:


Sim, ó Maria, todas as gerações chamar-Vos-ão de Bem-Aventurada, porque a todas tendes dado a vida e a glória; pois em Vós acham perdão os pecadores e perseverança os justos.

O piedoso Landspérgio imagina o Senhor falando assim ao mundo:


“Homens, pobres filhos de Adão, que viveis no meio de tantos inimigos e de tantas misérias, procurai honrar com especial afeto a minha e Vossa Mãe; pois eu dei Maria ao mundo para Vosso exemplo, para que d'Ela aprendais a viver como é devido. Dei-A como Vosso refúgio para que a Ela recorrais em Vossas aflições. Esta minha filha eu A fiz tal, que ninguém A pudesse temer, nem ter repugnância de recorrer a Ela. Exatamente por isso a formei tão benigna e compassiva, que nem sabe desprezar os que A invocam, nem sonegar Seus favores a quem A suplica. A todos abre o manto de Sua misericórdia e não despede alma nenhuma desconsolada”.

Louvada seja, pois, e bendita a imensa bondade de nosso Deus, que nos concedeu esta excelsa Mãe e advogada tão terna e amorosa!


Como são ternos os sentimentos de confiança de um São Boaventura, tão abrasado de amor para com nosso Redentor e nossa amantíssima advogada, Maria! Ainda que o Senhor tenha-me reprovado quanto quiser, exclama o Santo, eu sei que Ele não pode negar-se a quem O ama e a quem de todo o coração O busca. Eu o abraçarei com o meu amor e sem me abençoar não o deixarei; sem me levar consigo, ele não poderá ausentar-se.


Se mais não puder, ao menos esconder-me-ei dentro das Suas Chagas, onde ficarei para que me não possa encontrar fora de Si. Finalmente, se o meu Redentor, por causa das minhas culpas, me lançar fora dos Seus pés, eu me prostrarei aos pés de Maria, Sua Mãe, e deles não me afastarei enquanto Ela não me alcançar o perdão. Por ser Mãe de misericórdia, nem recusa nem jamais recusou compadecer-se de nossas misérias, e socorrer os infelizes que imploram o auxílio. E assim, se não por obrigação, ao menos por compaixão, não deixará de induzir o Filho a perdoar-me.


Concluamos com Eutímio:


Olhai, pois, para nós, olhai para nós finalmente com os Vossos olhos piedosos, ó Mãe nossa misericordiosíssima! Pois somos servos Vossos e em Vós temos colocado toda a nossa esperança.

 

EXEMPLO


Bem experimentou São Francisco de Sales sofreu na juventude uma violenta tentação contra a esperança. Venceu-a graças à proteção de Maria, esperança dos cristãos.


Como estudante, com dezessete anos de idade, vivia em Paris todo entregue a seus estudos, ao amor de Deus e aos exercícios de piedade que formavam sua delícia. Para experimentá-lo e mais uni-lo com Deus, permitiu o Senhor que o demônio persuadisse de que sua reprovação estava pronunciada nos decretos divinos. Inútil, portanto, lhe seria tudo quanto fizesse. A obscuridade e a aridez em que Deus o deixou ao mesmo tempo tornavam-no insensível aos mais suaves pensamentos sobre a divina bondade. Tanto o afligiu a tentação, que ao Santo jovem lhe roubou o sono, a saúde e a alegria. A quantos o viam inspirava compaixão.


Durante esta horrorosa tempestade, dominado pela tristeza e melancolia, dizia o Santo:


Assim, pois, serei privado da graça de Deus, que me era tão amável e cheia de suavidade? Ó amor, ó beleza a que consagrei todos os meus afetos, será possível que não goze mais de Vossas consolações? Ó Virgem Mãe de Deus, a mais bela das filhas de Jerusalém, será possível que não Vos vá contemplar no Paraíso? Ah! Senhora minha, se não me é dado ver Vosso belo rosto, permiti ao menos que não Vos blasfeme e amaldiçoe no Inferno.

Eram tais então os ternos sentimentos daquele aflito coração, tão amoroso de Deus e da Santíssima Virgem. Durou um mês inteiro a tentação. Mas dignou-Se, finalmente, o Senhor libertá-lo, por meio de Maria, a consoladora do mundo. Havia-lhe Francisco consagrado sua virgindade, n'Ela colocara toda a sua confiança. Voltando uma tarde para casa, entrou numa igreja e nela viu suspenso um quadrinho. Leu-o e achou escrita a oração de Santo Agostinho, citada anteriormente.


Prostrou-se logo perante a Mãe de Deus, recitou devotamente a oração, renovou seu voto de virgindade, com a promessa de recitar todos os dias um Rosário, e acrescentou:


"Ó minha Rainha, sede-me advogada junto a Vosso Filho, a quem não tenho coragem de recorrer. Minha Mãe, se devo ter a graça de não poder amar no outro mundo a meu Senhor, cuja amabilidade eu reconheço, obtende-me ao menos a graça de amá-Lo neste mundo com todas as minhas forças. É a graça que Vos rogo e de Vós espero."

Apenas terminou, porém, sua oração, foi logo livre da tentação por Sua Mãe dulcíssima. Recuperou imediatamente a paz interior e com ela a saúde. Continuou a viver sempre devotíssimo de Maria, cujos louvores e misericórdias não cessou nunca de publicar por palavras e por escritos durante toda a sua vida.


 

ORAÇÃO


Ó Mãe do santo amor , ó vida, refúgio e esperança nossa! Bem sabeis que Vosso Filho Jesus Cristo, não contente de constituir-Se nosso perpétuo advogado junto ao Eterno Pai, quis ainda que Vos empenhásseis junto a Ele para impetrar as divinas misericórdias. Ele dispôs que as Vossas orações concorressem para nossa salvação, e deu-Lhes tanto poder, que alcançam quanto pedem. Eu, miserável pecador , para Vós me volto, ó esperança dos miseráveis. Espero, ó Senhora minha, que, pelos merecimentos de Jesus Cristo e pela Vossa intercessão, me hei de salvar . Assim espero e confio tanto que, se a minha salvação eterna estivesse na minha mão, certamente eu a poria na Vossa. Pois mais confio em Vossa misericórdia e proteção, que em todas as minhas obras. Mãe e esperança minha, não me desampareis como eu mereço; olhai para as minhas misérias e movei-Vos à piedade, socorrei-me e salvai-me. Confesso que com meus pecados tenho muitas vezes posto obstáculo às luzes e aos socorros que me tendes alcançado do Senhor . Porém Vossa piedade para com os miseráveis e Vosso poder junto a Deus excedem o número e a malícia de todos os meus pecados. É patente ao Céu e à Terra que quem é de Vós protegido certamente não se perde. Esqueçam-me, pois, todas as criaturas, Vós, porém, não me esqueçais, ó Mãe de Deus onipotente. Dizei a Deus que eu sou Vosso servo; dizei-Lhe que Vós me protegeis, e serei salvo. Ó Maria, tenho confiança em Vós; nesta esperança vivo, e nela quero e espero morrer , dizendo sempre: Minha única esperança é Jesus e depois de Jesus, Maria.


- Santo Afonso Maria de Ligório


 
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