«Ponhamos ante os nossos olhos as penas que o Coração de Jesus suportou por nós desde a infância, e não poderemos amar outra coisa fora desse Coração que nos amou tanto.»
Novena de Natal
Meditação do 5º Dia
Meditação para o 5.º dia da Novena de Natal
“Foi oferecido porque Ele mesmo quis.” - Is 53, 7
Desde o primeiro instante que o Verbo divino Se viu feito homem e criança no seio de Maria, ofereceu-Se sem reserva aos sofrimentos e à Morte, para resgatar o mundo: “Foi oferecido porque Ele mesmo quis”. Sabia que todos os sacrifícios de bodes e touros, oferecidos a Deus no passado, não podiam satisfazer pelos pecados dos homens, que só uma Pessoa Divina podia pagar o preço de sua redenção. Eis porque, escreve S. Paulo, “desde Sua entrada no mundo Ele diz: Não quisestes hóstia nem oblação, mas Me formastes um Corpo... Então Eu disse: Eis que venho” (Hb 10, 5-7).
Meu Pai! todas as vítimas que Vos foram oferecidas até agora não foram suficientes e não podiam sê-lo para desarmar Vossa Justiça; destes-me este Corpo passível a fim de que pela efusão do Meu Sangue Eu Vos aplaque e salve os homens. Eis-Me pronto: “eis que venho”; aceito tudo e Me submeto em tudo à Vossa santa vontade.
É certo que a parte inferior sentia repugnância; recusava-Se naturalmente a viver e morrer no meio de tantos sofrimentos e opróbrios; mas a vitória coube à parte racional, que estava inteiramente submissa à vontade de Deus, e Jesus aceitou tudo, começando desde então a sofrer todas as angústias e dores que devia suportar no decorrer de Sua Vida. Eis o que fez por nós nosso Divino Redentor desde o primeiro momento de Sua entrada no mundo.
Mas nós, grande Deus, como nos temos portado para com Jesus, depois que, chegados ao uso da razão, começamos a conhecer pelas luzes da fé os Santos Mistérios da Redenção? Quais foram os nossos pensamentos, as nossas ocupações? Que bens temos nós amado? Os prazeres, os divertimentos, o orgulho, a vingança, a sensualidade, eis os bens que prenderam os afetos do nosso coração. Mas, se temos fé, havemos enfim de mudar de conduta e amar outra coisa.
Amemos um Deus, que tanto sofreu por nós. Ponhamos ante os nossos olhos as penas que o Coração de Jesus suportou por nós desde a Infância, e não poderemos amar outra coisa fora desse Coração que nos amou tanto.
Afetos e Súplicas
Senhor, quereis saber como me tenho comportado para Convosco durante a minha vida? Desde que comecei a ter o uso da razão, comecei a desprezar a Vossa graça e o Vosso amor. Ah! Vós o sabeis melhor do que eu; mas Vós me tendes suportado, porque ainda me quereis bem. Eu Vos fugia e Vós não cessáveis de me perseguir chamando-me. O mesmo amor que Vos fez descer do Céu à procura das ovelhas perdidas, Vos fez suportar as minhas infidelidades e não Vos permitiu abandonar-me.
Agora, meu Jesus, Vós me buscais e eu também Vos busco; sinto que Vossa Graça me assiste: Ela me assiste inspirando-me uma viva dor de meus pecados, que detesto sobre todas as coisas; Ela me assiste fazendo nascer em mim um grande desejo de Vos amar e de Vos agradar. Sim, Senhor, quero amar-Vos e agradar-Vos quanto posso.
Temo, é verdade, devido à minha fragilidade e fraqueza que contraí por meus pecados; mas o meu temor cede à confiança que me vem da Vossa graça e que, apoiando-se em Vossos méritos, me enche de coragem e me faz dizer com o Apóstolo: “Tudo posso n'Aquele que me fortalece” (Fl 4, 13). Se sou fraco, Vós me dareis força contra os meus inimigos; se sou enfermo, espero que Vosso Sangue será o meu remédio; se sou pecador, espero que me tornareis santo.
Reconheço que no passado Vos perdi por ter deixado de recorrer a Vós nos perigos; doravante, meu Salvador e minha esperança, estou resolvido a recorrer sempre a Vós, e espero de Vós todos os socorros necessários e todos os bens. Amo-Vos sobre todas as coisas e quero amar a Vós só; ajudai-me por piedade, pelo mérito de tantas penas suportadas por mim desde a Vossa Infância. — Pai Eterno, pelo amor de Jesus Cristo, permiti que Vos ame.
Se Vos irritei, aplaquem-Vos as lágrimas de Jesus Menino, que Vos pede por mim: “Olhai para a Face do Vosso Cristo” (Sl 83, 10). Sou indigno das Vossas graças, mas Vosso Filho inocente as merece por mim, Ele que Vos oferece uma vida de sofrimentos a fim de que tenhais misericórdia de mim.
† E Vós, ó Maria, Mãe de misericórdia, não cesseis de interceder por mim. Sabeis quanto confio em Vós, e eu sei que não abandonais quem a Vós recorre.
"Antífonas do Ó"
Dia 20
“Ó Chave de Davi, Cetro da casa de Israel, / que abris e ninguém fecha, que fechais e ninguém abre: / vinde logo e libertai o homem prisioneiro, / que nas trevas e na sombra da morte, está sentado!”
A Chave é símbolo do poder com autoridade (Is 22, 22). O Messias, Jesus de Nazaré, recebeu do Pai todo o poder no Céu e na Terra (Mt 28,18; Ap 1,18); em Suas mãos estão “As Chaves do Reino” (Mt 16,19). Ele tem em Suas mãos a “Chave de Davi” (Ap 3,7) e anuncia, ainda hoje, a liberdade aos cativos (Lc 4,18).