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Natal - Novena - 1
Novena de Natal
Meditação do 1º Dia

 «Desde o primeiro instante de Sua Encarnação, o Menino Jesus Se dá inteiramente ao homem e abraça com alegria todas as dores e humilhações que deve sofrer no mundo por amor de nós.»

Célebre Novena de Natal composta por Santo Afonso Maria de Ligório, bispo e doutor da Igreja

Meditação para o 1.º dia da Novena de Natal

Eu Te estabeleci para luz das gentes, a fim de seres a salvação que Eu envio até a última extremidade da Terra.” - Is 49, 6

Muitos cristãos costumam neste tempo armar um presépio como representação do Nascimento de Jesus Cristo; mas bem poucos lembram de preparar, com atos de amor, o seu coração a fim de que o Divino Menino nele possa repousar. Do número destes também nós queremos ser. Por isso, a fim de excitar-nos, desde o primeiro dia da Novena, a pagar com nosso amor o amor de Jesus Cristo, consideremos o amor que nos mostrou, incumbindo-Se, desde o primeiro instante da Sua concepção, de satisfazer por nós à Divina Justiça.
 

Considera o Pai Celeste dizendo estas palavras a Jesus Menino no momento de Sua Encarnação: “Meu Filho, Eu Te estabeleci para Luz das gentes e a Vida das nações, a fim de que lhes procureis a salvação, que desejo tanto como se fosse a Minha própria”. É pois necessário que Vos dediqueis inteiramente ao bem do gênero humano: “Dado sem reserva ao homem, deveis dedicar-Vos inteiramente em benefício dele”.

É necessário que sofrais uma pobreza extrema desde o Vosso Nascimento, a fim de que o homem se torne rico (2Cor 8, 9). É necessário que sejais vendido como um escravo para pagardes a liberdade do homem, e que, como escravo, sejais flagelado e crucificado a fim de satisfazer à Minha Justiça pelas penas devidas aos homens. É necessário que deis Vosso Sangue e Vossa Vida para livrar o homem da morte eterna. Numa palavra, sabei que não sois mais Vosso, mas do homem, segundo a palavra de Isaías: “Nasceu-nos um Menino, foi-nos dado um Filho” (Is 9, 6).

Assim, Meu caro Filho, o homem se sentirá constrangido a amar-Me e a dar-se a Mim, ao ver que Vos dou todo a ele, Vós Meu Único Filho, e que não me resta mais nada a dar-lhe. Eis até onde chegou o amor de Deus aos homens! Ó amor infinito, digno somente de um Deus infinito! Jesus mesmo disse: “Deus amou de tal maneira o mundo que deu por ele Seu Unigênito Filho” (Jo 3, 16).

A essa proposta, Jesus Menino não Se entristece, antes Se alegra, aceita-a com amor e exulta: dá saltos como gigante para percorrer o Seu caminho (cf. Sl 18, 6). Desde o primeiro instante de Sua Encarnação, Ele Se dá todo ao homem e abraça com toda alegria todas as dores e humilhações que deve sofrer no mundo por amor aos homens. Essas foram, diz S. Bernardo, as montanhas e as colinas escarpadas que Jesus Cristo teve de escalar para salvar os homens: “Ei-Lo, aí vem saltando sobres os montes, atravessando as colinas” (Ct 2, 8).  

Notemos bem: enviando-nos Seu Filho como Redentor e Mediador de Paz entre Ele e os homens, Deus Pai obrigou-Se de certo modo a perdoar-nos e a amar-nos; entre o Pai e o Filho interveio um pacto em virtude do qual o Pai devia receber-nos em Sua graça, contanto que o Filho satisfaça por nós à Divina Justiça. De Seu lado, o Verbo, digo, também Se obrigou a amar-nos, não por causa do nosso mérito, mas para cumprir a misericordiosa vontade de Seu Pai.

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Afetos e Súplicas

Meu amado Jesus, se é verdade, como a lei o declara, que se adquire o domínio pela doação, Vós me pertenceis porque o Vosso Pai Vos deu a mim: é por mim que nascestes, a mim fostes dado: “Nasceu-nos um Menino, foi-nos dado um Filho”. Posso pois dizer: “Meu Jesus e meu tudo”. Já que sois meu, é meu também tudo quanto é Vosso.

O Vosso Apóstolo me assegura: “Como não nos dará também com Ele todas as coisas?” (Rm 8, 32). Por isso, meu é o Vosso Sangue, meus os Vossos méritos, minha a Vossa Graça, meu o Vosso Paraíso. E se sois meu, quem jamais poderá separar-me de Vós? 

Ninguém poderá tirar-me o meu Deus”, assim dizia com júbilo S. Antão Abade; assim também quero dizer no futuro. 

É verdade que Vos posso perder ainda e afastar-me de Vós pelo pecado; mas, ó meu Jesus, se no passado Vos abandonei e perdi, arrependo-me agora de toda a minha alma, e estou resolvido a perder tudo, a própria vida, antes que tornar a perder-Vos, ó Bem infinito e único amor de minha alma. Agradeço-Vos, Pai Eterno, por me terdes dado Vosso Filho; e já que me destes a Ele todo, eu, miserável, dou-me todo a Vós.

Pelo amor desse Filho adorável, aceitai-me e prendei-me com cadeias de amor a meu Redentor, mas prendei-me tão estreitamente que possa dizer com o Apóstolo: “Quem me separará do amor de Cristo?” (Rm 8, 35). Quem me poderá ainda separar de meu Jesus? E Vós, meu Salvador, se sois todo meu, sabei que sou todo Vosso. Disponde de mim, e de tudo o que me pertence como Vos aprouver. E como poderia eu recusar alguma coisa a um Deus que não me recusou o Seu Sangue e a Sua Vida?

† Maria, minha Mãe, guardai-me sob Vossa proteção. Já não quero ser meu, quero ser todo do meu Senhor. A Vós compete tornar-me fiel, confio em Vós.

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